03/08/2023 -
Bruno Heller, tinha contra si, mandados de busca em apreensão por acusações de desmatamento e suspeitas de fazer CAR-Cadastro Ambiental Rural de várias áreas em nome de terceiros, especialmente parentes. Ao cumprir tais mandados na manhã desta quinta-feira (3/8) em Novo Progresso, os PFs acabaram arrumando motivos para prender o agropecuarista em flagrante, por ter sido encontrado em sua casa 350 gramas de ouro bruto, 125 mil em dólares e reais e uma espingarda.
Heller é principal alvo da Operação Retomada, deflagrada pela Polícia Federal. Seus acusadores deram-lhe o título sensacionalista que a velha mídia adora, “maior devastador da floresta amazônica” e com esse tratamento de espécie de “alcapone do agro” o rico senhor foi conduzido ao sistema prisional em Itaituba (PA), onde permanecerá à disposição da Justiça.
De acordo com a PF, Heller e família invadiram terras da União no entorno da BR 163, áreas próximas reservas indígenas e de proteção e desmatamento de 6 mil hectares para criação de gado na floresta amazônica. No total, além da prisão, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal nos municípios de Novo Progresso (PA) e Sinop (MT).
A PF investigou que Heller e seu grupo teriam 21 mil hectares de terras da União com desmatamento de mais de 6.500 hectares. Por isso já recebeu nos últimos anos 11 autuações e seis embargos do Ibama por irregularidades, e perícias da PF “indicam” a existência de danos ambientais ocasionados por suas atividades também na Terra Indígena Baú.
O inquérito policial aponta que o grupo, liderado pelo empresário, teria feito Cadastro Ambiental Rural de áreas próximas das suas em nome de terceiros, principalmente de parentes. Além da prisão em flagrante, a Justiça determinou, ainda, o bloqueio de R$ 116 milhões do suspeito – valor mínimo estimado dos recursos florestais extraídos e de recuperação da área atingida – e o sequestro de veículos, de 16 fazendas e imóveis e da indisponibilidade de 10 mil cabeças de gado.
A HIPOCRISIA DA VELHA MÍDIA NÃO TEM LIMITES. BRUNO HELLER NÃO APARECE NEM NA LISTA DOS 25 MAIORES DESMATADORES DA AMAZÔNIA
Dados públicos do Ibama, o órgão do governo federal responsável pela preservação do meio ambiente, compilados e analisados pelo De Olho nos Ruralistas, mostram que os 25 maiores desmatadores da história recente do país são grandes empresas, estrangeiros, políticos, uma empresa ligada a um banqueiro, frequentadores de colunas sociais no Sudeste e três exploradores de trabalho escravo.
Veja a lista completa dos 25 desmatadores mais multados entre 1995 e 2020:
1º – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – R$ 421 mi
2º – Agropecuária Santa Bárbara – R$ 323 mi
3º – Antonio Jose Junqueira Vilela Filho – R$ 280 mi
4º – Siderúrgica Norte Brasil S/A – R$ 272 mi
5º – Sidepar Siderúrgica do Pará S.A. – R$ 258 mi
6º – Gethal-Amazonas S.A. Indústria de Madeira Compensada – R$ 231 mi
7º – Gusa Nordeste S.A. – R$ 202 mi
8º – Agropecuária Vitória Régia S/A – R$ 170 mi
9º – Companhia Siderúrgica do Pará – COSIPAR – R$ 157 mi
10º – José Alves de Oliveira – R$ 105 mi
11º – José Carlos Ramos Rodrigues – R$ 101 mi
12º – Fernando Luiz Quagliato – R$ 100 mi
13º – Gilmar Texeira – R$ 99 mi
14º – Hamex Comércio de Produtos Alimentícios Ltda – R$ 94 mi
15º – USIMAR – Usina Siderúrgica de Marabá S/A – R$ 88 mi
16º – Siderurgica Iberica S/A – R$ 87 mi
17º – Giovany Marcelino Pascoal – R$ 86 mi
18º – Tarley Helvecio Alves – R$ 70 mi
19º – Destilaria Gameleira Sociedade Anônima – R$ 69 mi
20º – Carlos Alberto Mafra Terra – R$ 66 mi
21º – Jose de Castro Aguiar Filho – R$ 61,8 mi
22º – Lider Ind. e Com. de Carvão Vegetal Ltda EPP – R$ 61,5 mi
23º – Paulo Diniz Cabral da Silva – R$ 61,1 mi
24º – Siderúrgica Alterosa S/A – R$ 60 mi
25º – Jeovah Lago da Silva – R$ 58 mi
Edição: De Olho nos Ruralistas e The Intercept Brasil
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